Wednesday, January 28, 2009

O Sonho

Adeus! Foi assim que o sonho despediu-se de ti...da lacuna de não te ter mais por perto na hora de adormecer, de sentir o teu cheiro emoldurado nas entranhas de seu ser!

Caminhou solitário por entre florestas misteriosas, viajou por desertos ainda por descobrir e tal eremita perdeu-se de si!
Na penumbra de suas emoções explosivas ditou um enredo nas curvas de quem conhece na íntegra o teu corpo, como um mapa de sua vida onde descobriu novos sentimentos em mundos diferentes, atravessando mares a deriva onde a chama da paixão era a única haste visível na escuridão da noite e de suas tempestades!

Olhou-se ao espelho com o olhar vazio de quem perdeu o brilho e as letras salpicadas com a tua poesia, arranhou as palavras já mortas e secas incrustadas em seu peito, caminhando solitário para a cama vazia...
Nesta noite adormecera num sono sem sonhos!

Thursday, January 22, 2009

Nina...

Nicola despertou do seu sonho para ir ao encontro do corpo quente que se aconchegava sobre si...nestas manhas quando a chuva batia silenciosamente na janela do seu quarto ele deambulava os pensamentos nas curvas sinistras daquele corpo, beijando o deserto que percorria metodicamente e insaciavelmente a procura do oásis de seus lábios!
Observou por longos momentos o rosto que cobria as sombras da sua vida, o rosto que deu vida a sua vida e num êxtase levantou-se da cama, abriu a porta e caminhou nu de si e de todas as culpas, percorrendo o jardim!
Deitou-se na relva molhada, pegando nos pincéis invisíveis e nas cores imaginarias do seu sentir e começou a pintar o rosto, contornando a biografia da sua vida e num estremecer sentiu o pulsar de Nina no recônditos de seu ser, na essência dos seus desejos, desenhou na tela os olhos penetrantes de Nina, delineou os seios com o rosa do seu sentir, passando a língua pelos mamilos e contornando o desejo de varias tonalidades tal o despertar de cada gemido...
Nicola embriagou-se com o cálice de seus beijos, pegou na tela ao colo tal o corpo de sua amada, afagou os cabelos e penetrou neles como ondas de uma praia perdida num Universo tão distante do seu!
Lavou-se nas águas mornas das lágrimas contidas, evocando memorias que reflectiam no olhar meigo de Nina...Neste instante sentiu ao longe uma sombra que o observava por detras da cortina do seu quarto, Nina alcançava a emoção reminiscente de quem sabe que ama com a imensidão de um mar e é amada no infinito de um céu!

Monday, January 19, 2009

Quando eu estiver contigo no fim do dia,
poderás ver as minhas cicatrizes,
e então saberás que eu me feri e também me curei.
Tagore

Thursday, January 15, 2009

Cobre o meu doce sentir com o sabor que o teu beijo tem
Faz deste momento uma magia infinita no decorrer da minha fantasia
Roçando as emoções que vibram como uma melodia
Orquestrada por dois corpos
Que dançam uma valsa a luz do anoitecer!
Sente a música que inspira esse desejo,
A que toca no mais intimo desflorar do "eu"
Abre caminho com a maestria dos teus sentidos
Para que sejas o único a descobrir e a inebriar esta partitura
Enquanto te tenho dentro de mim!
Remenda os bocados soltos deixados ao vento com as cores da tua alma
E quando amanhecer deixa-me estar mais um pouco em teus braços
Cobrindo o dia com o teu olhar sobre mim
Como um manto que me protege de não ser tua!

Tuesday, January 13, 2009

A minha Dor...

A minha Dor é um convento ideal
Cheio de claustros, sombras, arcarias,
Aonde a pedra em convulsões sombrias
Tem linhas dum requinte escultural

*****
Os sinos têm dobres de agonias
Ao gemer, comovidos, o seu mal…
E todos têm sons de funeral
Ao bater horas, no correr dos dias…

*****
A minha Dor é um convento.
Há lírios
Dum roxo macerado de martírios,
Tão belos como nunca os viu alguém!

*****
Nesse triste convento aonde eu moro,
Noites e dias rezo e grito e choro,
E ninguém ouve… ninguém vê… ninguém…


Florbela Espanca - O Livro das Mágoas

Friday, January 9, 2009

Algures em Mim...

Na viagem em que o meu corpo pediu pela última vez um suspiro de ti...
Pegamos nas mãos e chegamos ao destino prometido onde as palavras rodopiaram em canções que tocaram na ingenuidade dos nossos olhares.
Vi-me a bailar em teu corpo, no esconderijo da tua pessoa, onde as linhas do teu rosto tocaram de leve os meus seios!
Viajo em ti, nesta busca onde os horizontes não se tornam tão distantes, onde o Sol aquece mais o meu sentimento por ti, enaltecendo as emoções e deito-me nesta praia imensa onde o mapa do teu ser esta desenhado na areia...
Leva-me para onde quiseres, não me importo de perder no mais incógnito da vida e do teu olhar que suspira por mim...
Sei que sentes esta falta, a falha de não me teres do teu lado, no teu leito e desejas sentir o pulsar de mim a escorrer em teu corpo a clamar desejo!

Na loucura deste sentimento resta o teu calor como uma vela acesa,
onde a chama aquece o meu sentir.

Monday, January 5, 2009

Venha!

Venha devagar para não assustar o silêncio do meu sentir,
Venha com gotas de lágrimas cristalinas inundar meu rio de sentimento
Neste delírio sensual onde o meu corpo se transforma para a vida!
Venha tão leve como a brisa que acaricia meu rosto
Deixando marcas dos teus beijos na minha pele insaciável de desejo...
Venha sem perder o rumo de mim, navega nas ondas incansáveis das
Minhas emoções mergulhando no mais intimo olhar que contempla
A estrada que me leva ate a ti!
Apenas...Venha!!

Regresso.....Palavras sentidas, oh tempo! Cheguei...