Thursday, March 25, 2010

País maravilhoso...

Brasil, é um País maravilhoso e rico, tanto pela sua beleza natural e infinita riqueza que se pode tirar de um País abençoado por Deus.
Fotografei momentos lindíssimos, paisagens exuberantes de cortar a respiração, convivi com um povo muito espiritual, mergulhei nas ondas de um mar brasileiro e saboreei a diversidade de suas receitas feitas com muito amor.



Naturalmente quis viver emoções fortes, sentir a adrenalina de ser livre como um pássaro e contemplar a beleza pintada a mão de uma cidade cheia de vida, então saltei da Pedra da Gávea num voo de Asa Delta e a sensação é indescritível! Na minha mente, registei uma cidade que parou no tempo, além de não ter feito progressos em alguns aspectos e apesar de ser uma adepta nata da preservação de prédios antigos, vi que a mentalidade dos cariocas vive de "Status" a meu ver, vivendo em Londres numa cidade em que se preza o individualismo, onde as classes se misturam sem se aperceber quem pode e quem não tem, foi um choque cultural assistir a divisão entre o mundo pobre e o mundo rico, quando falo de "status" é a tal ignorância de que se tivermos uma mala Gucci, um casarão e compramos roupas importadas somos bem vistos, se passamos imenso tempo no shopping a passear a nossa beleza, a competir numa sociedade que esquece dos valores mais básicos e envelhece num rosto pintado de cirurgias.
Fiz um Tour na Favela da Rossinha, direi que quis assistir de perto a uma realidade tão preconceituosa, que o pobre apenas mata, sim existe um mundo completamente diferente dentro das favelas, sim existe tiroteio e uma máfia que enriquece da droga, que construíram as suas casas no moro, que sobrevivem de empregos como empregadas de limpeza, ou as vezes do nada...mas no entanto não devemos esquecer que dentro destas favelas existe um povo que vive a sua vida de uma forma honesta, que criou o seu tecto pois não teve oportunidade de o fazer numa outra parte qualquer.
Têm escolas e instituições bancárias, levam uma vida normal, a diferença reside no endereço.
Esta era a realidade que quis conhecer, aprendi a não temer as favelas como também a não temer os casarões
Sim amei o Rio de Janeiro, amei de uma forma completa pois acredito que o cartão-de-visita de qualquer País não esta apenas em conhecer os lugares turísticos mas inter agir com a cultura e as pessoas que marcam qualquer cartão postal!

Tuesday, March 16, 2010

"Tenho que ter paciência
para não me perder dentro de mim
vivo me perdendo de vista
Tenho que ter paciência
porque sou vários caminhos
inclusive o fatal beco sem saida"
Clarice Lispector

Tuesday, March 9, 2010

Órfã

Ontem Carlota contou-me uma historia feliz, aquelas historias tão cheias de magia tal as fotos já amarelas pelo tempo e na qual procuramos abraçar.
Carlota veio ter comigo. ah já havia dito, gosto de me repetir, dizer as coisas mil vezes, para que as palavras se tornem adultas e serenas como a inocência de uma criança..as duas ficamos despertas a ouvir o som da chuva que batia miudinha na janela da meu quarto cor-de-rosa, a minha cor preferida, obvia porque ela transmite a essencia do meu "eu"...
Pois é, Carlota contou-me a tal história quando o meu mundo começou...não sei bem onde terá buscado tal ideia, mas compenetrada e muito atenta apercebi-me que a minha existência era importante para si.
Escutei a sua voz melodiosa, fiquei atenta a observa-la, a estudar os modos delicados e como os objectos permaneciam em suas mãos, tocava neles para descrever mais intimamente os contornos da minha nascença, absorta a contemplar o seu rosto, adormeci sem escutar o fim, nem o meio apenas o principio...Lembro-me deste começo..

- Irina quando nasceste, nesse dia de Outono onde as folhas se renovam e esperam pelo Sol...tu choraste por mim....
Como? Se o teu rosto me era desconhecido...Quando despertei para desculpar por ter adormecido, Carlota já há muito tinha ido embora, senti o vento beijar as minhas faces através da corrente de ar que vinha da porta, sinal que tinha partido e não dissera Adeus, ficou algo por dizer, uma morada para encontra-la e tudo o resto sem graça nem magia.
Todas as noites, ainda procuro saber o que se passou e porque chorei por ela quando nasci....resta apenas o objecto presente na minha cómoda, onde Carlota imprimiu as suas marcas invisíveis e um resto de perfume ficou colado a sua pele feita de porcelana...


Regresso.....Palavras sentidas, oh tempo! Cheguei...