Quando menos esperei, quando menos me senti, num dia qualquer tal e qual a monotonia dos meus dias e das horas vesti-me assim, direi...tal como sempre quando o amor já não faz parte do nosso espelho, simples como a minha alma, desprovido de brilho em meu olhar, os cabelos soltos com um aroma suave dos meus pensamentos, obriguei-me a caminhar, a sair desta prisão sem grades, a abrir a porta da minha casa rumo a familiaridade da minha rua, dos cheiros, da segurança de estar onde deveria estar!
E quem foi que com a sua ousadia e destreza teve a coragem de ultrapassar a barreira do meu ser? Que me fez sorrir sem receio do vácuo a minha frente, que me olhou desnuda de cores em meu rosto e me fez sentir o inimaginavel, que conversou comigo através do silêncio que nos separava e disse-me: desejo-te!
Sorri para si, desconhecendo o mistério daquele sorriso, questionando apenas a vida por aquele sinal inadvertido, sem avisos!
Deixei-me entregue a dúvida de quem nasce órfã do mundo!
Sai apressada, cabisbaixa passando pela tua alma gémea que gritava por mim, corri querendo fechar as portas da oportunidade, mas tu, mais sábio que a minha ignorância, chegaste antes de mim!

Segurei a tua mão, sentindo as linhas do teu destino tão similar a minha e compreendi o dogma da vida, transcendi a um universo que apenas pensei alcançar num tempo sem tempo e alisei a folha de uma página esquecida onde apenas se lia: VIDA!
Voluntariamente segui-te, como viciada a esse ópio que toca na pele e arrasta-se como um bêbado deitado numa esquina sem saber no que pensa, toquei-te a alma com os dedos embrulhados num papel pardo e senti-la fez-me renascer, penetrei em teu olhar, sentido o pulsar da vida que a cada piscar ressuscitaram os meus!
Regresso ao início, renovo os votos de quem sabe que encontrou o que desejava, espero por ti todos os dias num estacão qualquer, prostituindo os sonhos para que eles se tornem em realidade, descubro-me nua a cada toque do teu abraço, celebrando com uma alegria revestida de dores a cada encontro...mantenho a duvida, insisto que nada faz parte da realidade e finjo adormecer quando me cobres de beijos!
Direitos reservados - Naela