Wednesday, November 26, 2008

Estou sozinha...

Estou sozinha....falo em surdina como uma guitarra desafinada perdida algures na fantasia do meu ser!
É mais fácil despojar-me deste desejo e transformar-me na sensualidade em que tocas as palavras e despes o véu que esconde o meu corpo nu, na tua poesia resplandece a minha quietude, sacio a minha sede bebendo dos teus lábios, contornando a língua nas flores imaginárias que pintei em cada canto do meu corpo como sinal da tua chegada.
Perdi-me algures em ti, encontrei-me na profundeza do teu ser onde a tua alma brilha nesta tela pendurada nas paredes do meu íntimo e finjo ver-me nela!
Sinto o aconchego de ser tua, liberto-me abraçada a ti e aprisiono-me em teu olhar, algemo as minhas saudades nas cicatrizes da tua ausência!
Entrego-me deliberadamente á minha carência, abro caminho para que penetres no mais fundo de mim e suplico que percorras a estrada misteriosa das minhas ânsias, medos e alegrias!
Divago ao som dos teus suspiros, rasgo as sensações no vazio e risco o céu sublinhando a palavra "Amor" com cores carregadas tal o excesso da minha paixão...nesta entrega absoluta meu corpo comanda a vida, desliza os dedos em teu peito, contornando a tua força com os meus lábios ressequidos de tentação e no final...
ai no final! Corro as cortinas do meu olhar e mergulho em ti!

Monday, November 24, 2008

“A generosidade não está em dar-me aquilo que eu preciso mais que você,
mas em dar-me aquilo de que precisas mais do que eu
Gibran Khalil Gibran

Sunday, November 16, 2008

Vazio...

Como explicar ao vazio que as paredes estão cansadas e nuas de fotografias, presas ao passado, que perderam a sua cor natural por falta de emoções, despojadas de brilho e ressequidas pela ausência de sentimentos e reflexos de vida!
O vazio olha ao seu redor, como se desejasse capturar a essência e a alma daquele espaço perdido, encolhido no chão num canto qualquer lamenta ter deixado a porta aberta, chora abraçado ao vazio e mergulha num sono sem sonhos! O ar da noite entra pela janela, o vazio sente o arrepio da escuridão, observa a Lua vestida de platina, conta as estrelas e mergulha nos passos que ouve ao longe! O vazio percorre a quietude do silencio, contempla a dor, seu olhar preso a um rosto sem traços captando a historia que existiu naquele quarto num tempo não tão distante do hoje!

Lá fora uma silhueta observa a janela, o seu olhar percorre cada canto daquele lugar onde um dia fora feliz.

Ah se pudesse encontrar tudo como deixei, os meus lábios colados aos teus, a cama por fazer e apenas ouvir os suaves beijos na quietude da madrugada, quero ainda poder olhar para ti, onde o único brilho de luz vem de nossos olhares! Não haverá despedidas, nem paredes nuas, onde foram retiradas as fotografias e o quadro que embelezava o nosso recanto! Nem tão pouco a bagagem encostada num canto, como sinal de despedida!
Tudo será como ontem, quando despi a roupa e corri para o teu corpo e entrei na tua cama...

Tuesday, November 11, 2008

"Posso não ter sentido, mas é a mesma falta de sentido que tem a veia que pulsa
Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido.
Eu não: quero é uma verdade inventada”.
Clarice Lispector

Friday, November 7, 2008

Sem ti...

Quantas vezes contemplei o teu rosto no meu, Luísa...perdi-me tantas vezes quanto possível só para poderes me encontrar!
Sabes que passei imensas noites despertas a esculpir o teu rosto, gravando na memória o teu sorriso, lutando com o tempo para que não deixasse esquecer-te na penumbra da tua ausência!
Peguei na guitarra e fiz uma canção para ti e com a voz rouca e quase lacrimejante cantei os líricos perdidos ao vento!
Ah e não sabes como me embriaguei em teu perfume, no teu cheiro e mergulhei em ti!
Ainda afago os teus cabelos que caem como cascata em meu peito num rosto imaginário, deslizo os meus dedos no deserto do teu corpo e percorro o teu Oásis, sacio a minha sede na tua intimidade, penetro e deixo-me ficar ali, onde sinto o calor que emana de tua essência, protegendo-me deste Inverno solitário e frio! Chamo-te de meu vicio...Sim Luísa és a minha inspiração, os meus dias, o vento que toca a minha face neste Inverno sem ti! Luísa se te disser que passei imensas noites acordado apenas pensando em ti, invadindo os teus sonhos, apalpando a cama vazia em busca do teu corpo quente, deixar-me-ias demonstrar quantas vezes fiz amor contigo?
O teu silêncio diz-me que sim... Pois então vou-te contar que mesmo ausente de mim, senti o teu corpo, despi-te mil e uma vezes beijando os teus lábios despertando-os para a Vida, colorindo-os com a minha língua! E ouvi-te gritar meu nome, suplicar que não parasse, sussurrar as tuas vontades e nestes momentos o mundo eras tu, nem do meu corpo precisei, a tua alma era a outra metade de mim.
Ainda hoje, tão longe...tão distante...o meu olhar procura por ti na noite, as lágrimas lavam as memorias e enxugam o tecido do meu corpo inexoravelmente solitário num dogma da vida e dos sentimentos que guardei no baú do meu ser!

Monday, November 3, 2008

Mundo!

Corri sem parar,
na tentativa de olhar para trás
esqueci-me do passado,
as pegadas da vida não deixaram rasto, não vi as minhas impressões digitais cimentadas no corpo do mundo e fiquei absorta a contemplar o tempo como um amigo ausente, deslumbrei com o seu esquecimento, com a sua correria e supliquei que parasse o tic tac das horas para poder olhar no mais fundo de mim e resgatar a minha pureza, a que não foi violada pelas vicissitudes da vida!
Mas o "tempo" remeteu-se ao silêncio e fiquei absorta a contemplar o infinito...
Deitei-me no corpo do mundo, desenhei múltiplos rostos,
inventei um sonho...
toquei o teu olhar e penetrei nele,
vi um mundo repleto de desejo uma chama ainda acesa
e vesti-me de ti,
repousei os meus lábios em teu peito
e beijei cada letra do teu pensamento!

Regresso.....Palavras sentidas, oh tempo! Cheguei...