Thursday, April 22, 2010

Parageemmmmmmmmm!

É assim que me lembro de Moçambique, a terra onde nasci e vivi uma das mais lindas experiencias humanas e onde naturalmente conquistei um mundo melhor dentro de mim.
Vivemos numa sociedade meramente consumista, damos importância aos valores materiais, vivemos a competir com o próximo e para suavizar esta sensação dúbia, damos o nome de ambição!
Mas quando fecho os olhos, toco suavemente nos rostos que me beijaram a face cada vez que comparava a minha vida com o luxo maravilhoso do Universo...
E na expressão feliz e serena de quem habita uma palhota e vive o seu quotidiano de uma forma nobre, que dorme no chão rodeado de quem ama e come uma refeição por dia, que anda quilómetros de distancia a pé, sem dinheiro para o transporte e chega ao trabalho como quem conduziu um Mercedes, deixa o meu coração transbordar de um orgulho extremo de um povo que sabe ser feliz de uma forma magica.

Passo os dedos delicados nas fotografias registadas na minha mente, sacio a fome através dos rostos sorridentes e tímidos que me saudavam, vejo crianças brincarem com rodas de pneus, bonecas com o corpo desfeito, amputadas, brinquedos partidos, vejo-as correr pelo corredor do meu prédio com a alma imaculada de desejos.
Apanho o "Chapa", o único meio de transporte que conheci em Moçambique, lotação máxima de 10 lugares somos quase 15, no entanto observo que estou quase no colo de um passageiro qualquer, as minhas roupas estão amassadas, vamos a uma velocidade
máxima, uma aventura nunca antes sentida, o cobrador vai quase com metade do corpo fora, chego ao meu destino e grito: PARAGEMMMM

Sorrio...fecho o álbum de fotografias e guardo-as na plenitude do meu ser, para me lembrar que não devo exigir o mundo, mas sim a simplicidade de uma VIDA!

17 comments:

MEU DOCE AMOR said...

Recordar...tb o faço.África é bela...

beijinho doce

Se quiseres visitar-me

http://vemsonharcomigo.blogspot.com/

Sonia Schmorantz said...

Maravilhosa a tua postagem, parabéns!
beijo

L.S. Alves said...

Pois, que certas coisas lembram a minha terra. Que bom que crescemos em lugares onde o riso era farto.
Um abraço moça.

Daniel Costa said...

Naela

Fiz comissão militar em Angola, que não será diferene, reparei que a capacidade de sofrimento forçasamente tem de ser muita, pelo que julgo saber, essa tem de ser mantida. quem passou por África não a esquece, por maioria de razão acontece a quem é natural.
Beijos
Daniel

By Me said...

GOSTEI DESTA "PARAGEEMMMMMMMM!"
ESTOU MESMO A VER ...A TE VER ...A SIMPLICIDADE DO MOMENTO...TIVE UMA PESSOA DE FAMÍLIA QUE FALAVA DE ÁFRICA COM ENORME PAIXÃO...ESSE DESEJO CRESCEU EM MIM DESDE MUITO JOVEM ...LEMBRO VAGAMENTE DOS DICURSOS EMOCIONADOS, DAS LEMBRANÇAS DE LUGARES ,DE PESSOAS QUE NUNCA TINHA VISTO ...NEM PRESENCIADO...MAS SENTIA A EMOÇÃO, VIA AS LÁGRIMAS ASSOMAREM AOS OLHOS...E SINTO SAUDADE DE UM LUGAR QUE ESTEVE TÃO LONGE E TÃO PERTO DE MIM...

BEIJINHOS SAUDOSOS

Anonymous said...

Lindo o teu texto maninha! Adorei, amei!

África.. uma vida, uma experiência, um mundo que por si só, nos faz realizar o quanto a felicidade se encontra na simplicidade do apenas viver.

Zia

Daniel Costa said...

Naela

Depois de ler o teu comentário e ter todos os motivos para estar de acordo, não resisti a falar do meu sonho desta noite, o que me já me aconteceu mais vezes.
Há mais de um ano fui alertado, por mail, da filha de uma figura que mencionei no LISBOA CAFÉ. A senhora fui muito simpática e escrevi artigo rectificativo. Esqueci o que era para editar.
E o meu sonho alertou-mne para o facto. Já não dormi mais e só depois de enviar mail para a responsável pela edição soceguei. Espero seja a tempo!
Desculpa o desabafo.
Beijos
Daniel

vieira calado said...

Bons tempos

certamente esses!

Bjs

O Árabe said...

Bela e vívida homenagem, amiga! A terra onde nascemos é única, nas nossas lembranças. :) Boa semana!

A.S. said...

Naela...

Eu sabia que deviamos ter algo em comum! Também estive em Moçambique, de onde guardo momentos verdadeiramente inesqueciveis!!!
Ainda hoje é aquela terra vermelha e quente, que sinto em cada passo. Ah!... como adorava escrever à sombra de um embondeiro! Ou à noite, onde ao longe se ouvia um batuque, ou o ritmo louco e sensual da marrabenta!


Abraços querida!
AL

Dois Rios said...

Naela, minha linda!

Aprendi um pouco sobre Moçambique, lendo as histórias de Mia Couto sobre a terra, o amor e a extensa guerra. Taí um povo sofrido que não perdeu a essência da felicidade.

Acho até que a guerra mostrou-lhes que nada sobreeleva-se a paz, a união e ao amor, artigos de raríssima beleza, e que não se compram em lojas.

Fiquei supresa em sabe-la daquelas terras aonde se aprende que para sermos felizes precisamos de muito, mas muito pouco mesmo. Basta nos abrirmos para o amor.

Me emocionei com as suas recordações.

Muitos carinhos,
Inês

KImdaMagna said...

...o riso farto Africano...
...conheço-o, pois também dedilho imagens da savana e a vontade de viver que não tem nada a haver com consumismo.
Fizeste poesia na minha alma, com as tuas recordações...

xaxuaxo

O Árabe said...

Boa semana, amiga. Aguardo o novo post. :)

Dois Rios said...

Naela, minha flor, vim te procurar mas não te achei. Será que ainda estás imersa nas tuas recordações?

Estou te esperando.

Beijo,
Inês

Rounds said...

naela? que nome lindo!

bem legal o post. penso muito sobre as coisas simples da vida e belas que muitos não sabem dar valor.

bj

Su. said...

Lindo o teu texto... nascer aqui, ser daqui faz-nos isto, perceber a vida de outro prisma, do outro lado da lente.. viver aqui é uma filosofia, uma arte, nada de sério, nada de mentira, correrias... viver aqui não é para todos, é só para quem ama a terra e percebe que ainda temos muito para ensinar e dar. beijo do sul.

ARM said...

Belíssimo. E tão verdadeiro. Bjs.

Regresso.....Palavras sentidas, oh tempo! Cheguei...