Tuesday, January 13, 2009

A minha Dor...

A minha Dor é um convento ideal
Cheio de claustros, sombras, arcarias,
Aonde a pedra em convulsões sombrias
Tem linhas dum requinte escultural

*****
Os sinos têm dobres de agonias
Ao gemer, comovidos, o seu mal…
E todos têm sons de funeral
Ao bater horas, no correr dos dias…

*****
A minha Dor é um convento.
Há lírios
Dum roxo macerado de martírios,
Tão belos como nunca os viu alguém!

*****
Nesse triste convento aonde eu moro,
Noites e dias rezo e grito e choro,
E ninguém ouve… ninguém vê… ninguém…


Florbela Espanca - O Livro das Mágoas

12 comments:

Colibri said...

Olá,

No silêncio da dor existe recolhimento, reflexão, apredizagem e enriquecimento...

Sem dor não poderíamos crescer, ser melhores, mais completos e mais felizes...

Beijinhos
Colibri
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Os meus últimos sentires…
Parte 10 – Saltinho até Cabinda (O regresso)
Doce viajar…
Ricordeas lindas (Parte I)…
Projecto de vitória para 2009…

Anonymous said...

Uma coisa é ter dores. Outra, é ser uma dor...
Que efeito terá na sua (dela) dor ouvir este poema acompanhado de Chopin?

Fique bem

Eu said...

Florbela sabia com maestria revelaros sentimentos contidos na alma.
Sem dúvida alguma uma grande poetisa, que me encanta a cada leitura!

Obrigada por suas palavras em meu blog.

Um beijo carinhoso!

Su. said...

A Florbela é uma delicia ler... encontro-me quase sempre nas suas palavras.

ADorei a primeira imagem, do quadro, eu quero pintar assim! Amei, está linda a pintura.

Beijos e tudo de bom para ti.

L.S. Alves said...

Obrigado por compartilhar. Eu não conhecia Florbela.
Um abraço moça.

Leo Mandoki, Jr. said...

florbela espanca é bom né?
......
mas nao me parece que tu sejas assim como descreve o poema....pelo menos nao é assim que te vejo...
o teu amor não é um convento..o teu amor uma visão do alto da colina
beijos....

Deusa Odoyá said...

Olá amiga.
Esse livro é sensacional.
Precisamos as vezes desse silêncio.
Para podermos refletir sobre nossa vida.
que esse ano de 2009, possamos estar juntas de novo.
Beijos e muita luz de paz e amor.
sua amiga.
Regina Coeli.
Fique na paz.

Daniel Costa said...

Naela

Trazer aqui um poema de Florbela Espanca, revela sensibilidade. Nunca sera demais divulgar a poetisa alentejana, tanto mais que este é dos de pensamento mais profundo.
Como sempre as ilustrações, o que valorizo, se enquadram bem no poema.
Sempre a tua sensibilidade!
Beijo,
Daniel

Arnaldo Reis Trindade said...

Meio triste o texto, mas não deixas de ser bonito por isso.
amiga obrigado pelas visitas, e desculpe-me por não poder retribuir a todas.

beijo doce

By Me said...

Sabes,
eu tenho a colecção toda dessa Mulher...tudo! Desde a fotobiografia! Foi um investimento de há muitos anos! Dei-me a esse luxo!!!
E comecei a ler...e a dor dessa mulher,porque ela é extremamente depressiva...foi mexendo com a minha e passados vários anos ainda nao consegui enfrentá-la ou olhar de novo para mim!Não sei...
Presentemente eu diria que a Florbela precisava urgentemente de psicoterapia e tenho a certeza que não terminaria da forma que terminou...
Reconheco-lhe Génio e Talento nas palavras ...foi a forma que arranjou de sentir alguma paz e assim expulsar tantas sombras,agonias,dor,mágoa,gritos e choro!!!
Lindas fotografias...
Um beijinho sem mágoas...

Alessandra Castro said...

Uma dor apenas é a que mais atormenta.

OUTONO said...

A mulher paixão das minhas leituras...a dor sofrimento de sonetos apelativos...o medo de estar só...

Como é possível, a sofrer... escrever tão belo?

Boa escolha Naela. Foste um amor ao recordar Florbela Espanca.

"Beijo-te" na confusão de uma gripe que me atormenta...

Regresso.....Palavras sentidas, oh tempo! Cheguei...